sábado, 10 de maio de 2008

Mochilão 2008 - Dia 03

Em busca da pizza

Nem deu tempo de me despedir do café da manhã. A partir daquele dia eu não mais comeria o “desayudo” no hostel, pois a aula de espanhol começaria às 08:00 da manhã, e o café da manhã, às 09:00. Sai bem cedo para dar tempo de fazer a matrícula e quaisquer burocracias que porventura pudessem me fazer atrazar, além do fato de me perder no caminho, caminho este que seria percorrido pela primeira vez naquele dia. Comprei no caminho um jornal para dar uma lida. Já estava mais familiarizada com a lingua portenha, e ler jornal so me ajudaria. Pois bem, com tantas chuvas em Buenos Aires ocorreu um fato na cidade que so chegou ao meu conhecimento através do La Nación: duas trombas d’águas no rio da prata, na altura do bairro de olivos (onde mora Marcela), assustaram os moradores da capital argentina. Nossa, tromba dáguas... muito longe da natureza estável de meu pais, ou melhor, da minha região.
Interessante o caminho, a rua onde ficava a galeria do curso é praticamente a Wall Street portenha: Rua flórida. Todo o sangue financeiro é bombeado por essa artéria da cidade: executivos, trabalhadores, estudantes, estagiários, centros comerciais, galerias.... uma rua de pedestres super movimentada que traduz a grandiosidade cosmopolita da cidade. Tudo o que eu mais gostava de ver e sentir. A vista da Casa Rosada fazia parte da paisagem diária do meu percurso ao curso.
IBL, escolha certa depois de uma boa pesquisa na internet e vários emails trocados. Ambiente agradável, gente do mundo todo, pessoal super atencioso... nenhuma margem de arrependimento. Fiz minha matrícula e segui para a aula. O curso é ministrado de uma forma bem diferenciado: os alunos sentam em volta de uma mesa, com a professora em uma das pontas e as aulas são ministradas mesclando exercícios, jogos, lições, tudo com muito diálogo e entretenimento. Uma fórmula muito admirável. Dividindo sala comigo havia mais 3 pessoas: Um americano chamado Eric, um Londrino de nome Jonas e um outro rapaz... que esqueci o nome. Coincidências a parte, Eric e Jonas eram engenheiros como eu, mas não civis. A primeira aula se desenrrolou de forma satisfatória, e o espanhol já começou a se tornar uma língua mais acessível. Após a aula havia uma espécie de reunião entre os alunos interessados em conhecer particularidades da cidade de Buenos Aires, uma aula orientativa para turistas recem-chegados a capital portenha. Conheci outros rostos que viria a conversar outros dias, durante os intervalos das aulas, ao longo da semana de curso. Também nessa reunião conheci a esposa de Eric, Mariah. O casal em geral era muito simpático e muito legal e viriam a se tornar grandes amigos. Combinamos de tomar uma cerveja em um Pub no bairro de San Telmo, onde eles também estavam hospedados. Sai da aula para cumprir o compromisso daquela tarde de encontrar com Karla e Jeniffer, tinhamos alguns pontos turísticos no roteiro. Segui pela Rua flórida até seu final, igualmente interessante. Havia uma grande e bem arquitetada galeria de lojas imponente e exuberante chamada Galeria Pacífico.
Seguindo viagem, passei na Praça San Martim antes de pegar um ônibus em direção à Palermo. O curso de Karla já havia terminado e eu tive que procurar saber onde ela estava hospedada. Nada dificil, a casa de familia era indicação do próprio curso de espanhol, e ficava na mesma quadra, apenas dobrando a esquina. Tocando a campainha, o dono já me reconhecia das ligações que eu fazia: “ahh, Jayme, entre por favor”. Casa antiga com muitos móveis de época, porém muito organizada e cuidada. Apesar do aspecto antigo, respirava nostalgia ao contrário de velharia. Super simpático, o proprietário me conduziu até o quarto da Karla, vizinho a de Jennifer, onde conversamos um pouco e trocamos fotos dos dias anteriores pelo Laptop. Seguimos para nosso roteiro na Recoleta.
Primeira parada, fomos na Biblioteca Nacional. Nada de mais, talvez para pessoas que procurem alguma coisa em especial, pesquisa, acervo intelectual... mas no geral não foi interessante, apenas para dizer “fomos a Biblioteca Nacional da Argentina”. Seguimos por praças e bosques nas proximidades. Legal como o pessoal curte os bosques e as praças. Casais de namorados rolam na grama verde, pessoal leva seus cães para passear, quando não, pagam para alguem levar, e la vão os “Dog Walkers” com 5, 8, 12, as vezes 16 cachorros com uma só pessoa, das mais variadas raças e portes. E por falar em natureza, ouvimos um chamado da nossa: fome.


Não lembro como chegamos nesse inconsciente coletivo, mas os três desejavam comer uma pizza, creio que por ser um alimento universal tendo em vista que o grupo era coposto de dois brasileiros e uma americo-francesa. Seguimos para o cemitério da Recoleta, que já se encontrava fechado (saco isso, todas as coisas fechavam 3 horas antes do por do sol), mas que na frente tinha uma grande galeria com restaurantes lojas e tudo do bom... isso tudo na frente do cemitério. Achamos um bom restaurante, chamado Pizza Cero, onde comemos, digo de passagem, a melhor pizza que já comi. Uma coisa que ainda teria que me acostumar com a questão dos serviços em terras portenhas eram as “Tips”, ou “propina” em espanhol, que não é uma tradução literal da nossa propina e sim, se traduz como "Gorjeta", apenas conhecida por nós nos 10% dos bares e restaurantes, mas la em todos os cantos se paga “propina”, não que você seja obrigado, mas você receberá uma puta de uma cara feia se negar. Já é cultural, teria apenas que me acostumar e não lutar contra. Já era hora de retornar pra casa, ou melhor albergue, e segui meu rumo. Tinha marcado com o Eric e Mariah no Pub em San telmo e já estava atrasado. Cheguei ao hostel e encontro o José Luis como já estava ficando de costume, no balcão do pub do Hostel. Havia uma brasileira que acabara de chegar conversando com ele, não me recordo o nome, e ficamos conversando sobre nossas viagens. Ela estava a trabalho, morava em São Paulo e veio treinar um grupo de funcionários, mas já voltaria na quinta feira. Chamei ela para o Pub, mas de última hora desistiu devido a fadiga da viagem. Fui até lá, ambiente bem alternativo e bacana, tinha realmente o espírito de Pub londrinho, sofás velhos, a mesa de sinuca, o balcão, cerveja farta... pena que Eric e Mariah não estavam la. Tomei uma cerveja para registrar a minha presença e voltei para o hostel. Mais uma noite de sono na terra do tango.

Dados

La nación - Jornal comprado pela manhã

Imagens da tromba d'água que ocorreu no Rio da Prata, em Buenos aires, nesse dia


IBL - Institute Bureal of Language



Galería Pacífico

Biblioteca Nacional da Argentina

Gibraltar Pub

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